11.7.06
Massive Attack: A noite em que o Trip-hop deitou o Coliseu do Porto abaixo!
Segunda feira, 1o de Julho, 2006. 21h. Casa cheia no Coliseu do Porto com milhares de fanáticos para ver os fabulosos Massive Attack, o genial colectivo de Bristol. Fui um pouco desconfiado, estava habituado a ouvir os Massive em casa ou no carro e sempre pensei que eles tinham um som demasiado cool, sofisticado e introspectivo para ser tocado num concerto ao vivo. Mas graças a Deus enganei-me e eles "rockaram" durante duas horas sem parar. Aliás, sempre soube que eles tinham uma legião de fãs mas, para ser sincero, nunca estive interessado em saber quem eram ou como eram. Mas estavam lá todos. E eu também, com o Paulo Santos, não tão old -school como eu nestas águas sombrias da música alternativa.
As luzes apagaram-se e entra Robert del Naja (aka 3D) para saudar o público que retribuíu com grande ovação. Percebe-se porquê. Era o "mestre". Nas primeiras músicas tocaram logo a minha favorita, Risingson, do álbum Mezzanine, com grande potência, com todo o público a cantar o conhecido refrão "Toy-like people make me boy-like", num dueto partilhado com Daddy G, que depois se repetiría em Karmacoma, do não menos fabuloso álbum Protection. Os Massive seguiram a ementa, apresentando sempre os pratos bem cozinhados sempre com aquela mão sábia e experiente de quem "anda nisto há anos". Seguiram-se então, e de uma assentada sem tirar fora, os «one-hit wonders» e os multi-grammyzados singles que toda a gente conhece: Butterfly Caught, Future Proof e outras do 100th Window. A casa quase veio abaixo quando sobe ao palco, nada mais nada menos que, Horace Andy, no seu inconfundível registo vocal, para cantar Hymn of the big wheel, do Blue Lines, em dueto com Deborah Miller a ajudar no refrão "The big wheel keeps on turning /On a simple line day by day/ The earth spins on its axis/One man struggle while another relaxes."
Mais tarde, voltam a cantar juntos no fabuloso Angel, primeira faixa de Mezzanine, na minha opinião, a obra-prima da banda. O vocalista 3D esteve sempre impecável em toda linha, não só fazendo o que lhe competia mas conseguindo captar a atenção do público para o resto da banda, dando oportunidade a cada um de brilhar o que nem era preciso porque a banda é constituida por «guest-stars». Para além do excelente Horace Andy, 3 músicas deitaram as paredes e o tecto abaixo e puseram o pessoal a dançar por cima dos escombros. A primeira Teardrop, no registo downtempo tipo "heart-beat a pulsar", magnífico em todo o esplendor, cantado por Elizabeth Frasier dos Cocteau Twins; A segunda e a terceira - Safe from arm e Unfinished sympathy cantadas pela majestosa voz soul de Deborah Miller que pôs todo o público aos seus pés, com pele de galinha, incluíndo o pessoal da bancada onde eu estava.
Magnífico. Ouvir e ver os Massive Attack ao vivo superou completamente as minhas expectativas, estava à espera dum concerto mais frio, mais cool e distante, com pouca empatia entre a banda e o público, mas o que se passou é que poucas bandas conseguem o que os Massive conseguiram no Coliseu: O mérito de agradar a gregos e a troianos sem deixarem de ser iguais a si próprios. O que fica na memória é e será sempre O Som: o inconfundível, contagiente e genial som dos Massive.
O Melhor:
O estilo aleatório na selecção das músicas, alternando entre as recentes, as antigas e os êxitos e nunca da "menos conhecida" para a "mais conhecida".
Ouvir Angel ao e Unfinished Sympathy ao vivo.
O público, na sua maioria feminino.
O som, dando um certo sentido de caos organizado.
Ouvir ao vivo False flags, das mais recentes. Genial.
O Pior:
Uma certa sensação de Deja vu quando se ouve uma das nossas bandas preferidas a tocar as canções que já sabemos de cor e salteado.
A "mensagem política" no placar electrónico contra a política externa americana no que se refere ao Iraque e que levou os Massive Attack, aquando do lançamento do primeiro álbum Blue Lines em '91, a mudar o nome simplesmente para Massive.
Não tocaram a mais recente, o "bluesy" Live with me.
Saber a pouco mesmo sabendo que a banda nos deu muito a ouvir e a sentir.
Para ouvir as músicas e ver os clips visitem o novo site.
Mais uma vez aqui fica para ouvir Risingson e o novo Live with me.
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2 comentários:
"Mezanine" é também para mim o melhor disco dos Massive Attack. No entanto, é de notar a frescura e a actualidade do seminal "Blue lines" que foi editado há 15 anos atrás...
Há outro disco contemporaneo deste, que parece que foi editado ontem: o essencial "Scremadelica" dos Primal Scream.
Sem dúvida, Blue Lines é tido pelos criticos como o melhor album dos Massive Attack, mas para mim ainda é e será sempre o Mezzanine. E o screamadelica? Gosto do Higher than the sun. Intemporal. faz-me lembrar o How soon is know dos the smiths, mas não muito...
Abraço.
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