7.7.06

Portugal no seu melhor!


Legenda: Como se prova pela foto de baixo, o condutor do Jipe, estando habituado a conduzir por caminhos de cabras e não sobre faixas de rodagem pintadas, com linhas longitudinais, se viu obrigado a parar o veículo, tal foi a incandescência provocada pelo branco imaculado das faixas da estrada espanhola.

E o Património Urbanístico Português, vai de vento em popa? Não, não vai. Recebi um e-mail da minha amiga Elizabete Pereira com estas esclarecedoras fotos da fronteira entre Portugal e Espanha, em Barrancos.
Em Espanha, tudo asfaltadinho, limpo e sinalizado. Em Portugal, tudo estragado, sem faixas pintadas, mais parece um caminho de cabras sofisticado da nova geração.
No lado de Espanha vê-se que aquilo é uma estrada, com «E» grande e, naturalmente, com placa grande a dizer Espanha; sim, porque a Espanha é grande meus amigos, maior do que nós - sim, acredita pequenito, tu que não tiveste a pachorra de queimar as pestanas nos livros do José Matoso como todos nós; no lado de Portugal, que é pequeno, «logo», nada mais que uma placa pequena e tímida a marcar bárbaramente a nossa fronteira. Nós, o país da Batalha de Aljubarrota e do caminho marítimo para a Índia, gastámos em pleno sec. XXI, meio metro de chapa de sucata a dizer Portugal.
Connosco é assim, "pão-pão-queijo-queijo" e "para quem é bacalhau basta", mas, como em Portugal,"Bacalhau só da Noruega", manda-se vir à mesma para a mesa com o tintol do costume e sem demoras.
Em Espanha parece que a estrada foi acabadinha de pintar tal é o vigor cheínho e abrilhantado do branco da faixa; em Portugal, vê-se claramente que acabou a tinta das faixas à 200 kms atrás, faltando só a tradicional velhota de vestida de preto a passar com o gigantesco jugo de troncos ao pescoço ou a inenarrável vaca a comer erva dum lado e a largar bostas quase ao segundo do outro.
As fotos não têm data, por isso não se pode ver com rigor histórico se pertencem ao «iluminado» período cavaquista do Betão ou se ainda estávamos em plenos anos 80, alegremente a torrar os cofres do 25 de Abril e a marchar contra os latifundiários alentejanos. Se calhar a estrada até já tá "arranjadinha" agora, cimentada e pintada e com uma pequena mesa de piquenique ou uma bica de água fresca, ou até um mini-shopping de estrada (leia-se uma furgoneta da Toyota com uma banca de melões e cerejas).
No entanto, não me parece.
Eu agora ía ser demagógico e dizer que anda-se a gastar tanto dinheiro em Shoppings, em Estádios e não há um "tuste" para dois baldes cimento e duas pinceladas de tinta branca, mas não vou.
Acho que estas fotos representam bem o nosso País, a nossa identidade secular: o "interesse" é saír daqui para fora e não que entrem por aqui adentro. O resto é paisagem.

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