26.7.06

O Inferno! (Parte 2)

Como não sei o que é estar casado, para mim o Inferno são as praias no Verão. Aquilo, sim, é um cenário perfeitamente dantesco: centenas de pessoas juntinhas, quase coladinhas, 40 graus à sombra, famílias inteiras a torrar ao sol, expondo o nalguedo gorduroso ao relento da maresia, de tanto besuntado que está com o bronzeador comprado na loja dos 300 e todos a escarafunchar a marmita dos rissóis, tipo perdigueiros enjaulados, partilhando entre eles aquelas Sprites de 2 litros, alternando entre eles - desde o neto ranhoso da fralda acastanhada ao avô tresloucado que só sabe dizer para as "gajas" do lado "ai que belas padarias"- o côro de arrotos a imitar o alfabeto latino.
Depois há sempre aquele puto perdido, já com ranho seco no queixo, misturado com tulicreme, a chamar pelos pais; há sempre aquele casal de namorados pegajosos que se beijam o dia todo ao estilo ventosa e que só desgrudam as beiçolas quando chegam a casa, com o condutor do autocarro a atirar-lhes, pela 6ª vez seguida, um balde de água fria, como se fazia antigamente aos cães no cio, indo cada um para seu lado a ganir baixinho.
Depois há sempre aquele grupo de jovens que têm a puta da mania que são uns "ases" no Beach Volley e que passam a vida a pedir "imensa desculpa" sempre que a bola parte a cana do nariz à pobre velhinha viúva que está a fazer malha mesmo pertinho daquele esgoto a céu aberto que a Câmera Municipal já anda a "tentar resolver" há décadas.
Depois há sempre aquele pai austero, calvo e de bigode oitocentista que está a tentar ensinar o puto mais novo a nadar, mas sempre com um olho no "pacote" da boazona intelectual que está deitada de barriga para baixo a ler Margarida Rebelo Pinto. E, por fim, há sempre, mas sempre hã?, não estou a brincar, aquele casal de velhotes que estão sistematicamente a queixar-se do calor e que estavam melhor em casa a regar o campo das cebolas.
A única parte boa deste "Inferno" é que há sempre, mas sempre e graças a Deus, aquele par de Suecas a fazer topless, expondo as mamitas tipo ovos estrelados ao sol abrasador, enquanto passam óleo Johnson uma na outra e que nos leva a pensar, que, enfim, nem tudo está perdido.
Sendo assim, como transformar uma praia destas num Paraíso?
Aceitam-se sugestões.
A minha é sempre a mesma: infestar as águas com tubarões suficientes para levar toda a gente a sair dali para fora a bater com os calcanhares no pescoço e ficar só eu e as Suecas toda a santa tardinha a jogar aquele «jogo» que os homens e as mulheres jogam uns com os outros quando estão nús - como é que se chama? Aquele jogo que, se correr mal para ambas as equipas, só se sabe o resultado 9 meses depois?

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