2.7.06

Amor e Ciência

Contam-se pelos dedos duma mão as namoradas que tive e, no entanto, não fiquei amigo de nenhuma. Passam por mim, eu passo por elas, cumprimento-as com um ligeiro acenar de cabeça, ponho o mais amarelo dos sorrisos e digo bom dia, boa tarde, nada mais do que isso. Sempre pensei que agia desta maneira por motivos emocionais, tipo raiva, frustração, pena ou, em último caso, orgulho ou paternalismo.
Mas não.
Foi então que se fez luz no canto mais adormecido do cérebro e descobri que a explicação, para eu agir desta forma, não podia deixar de ser «científica» e deve ser entendida numa base lógico-racional: Um cientista não gosta de se lembrar dos seus projectos falhados; ninguém gosta de ver um truque de magia depois de saber o truque; nenhum puto gosta de se lembrar dos castelos de areia que o mar rebentou; nenhum pescador gosta de se lembrar da tonelada de ostras que apanhou sem ter encontrado uma única pérola.
Um amor pode ser muito grande, até inesquecível, mas ninguém gosta dum projecto falhado.
Ninguém gosta de correr e não cortar a meta.

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