3.7.06
Segredos
Adoro este filme. Quando era pequeno era o meu filme, a minha banda sonora, os meus amigos, o meu jardim e gostava que fosse a minha história se eu vivesse num mundo literário. Aos dez anos li O Jardim Secreto, escrito por Frances Hodgson Burnett, uma edição simpática em capa dura da Círculo de Leitores, tinha eu a idade das personagens Mary Lennox, Colin Craven e Dickon. 6 anos depois, em 1993, saía o filme, realizado pela polaca Agnieszka Holland(Europa, Europa, Total Eclipse) e produzido por Francis Ford Coppola. Embora a narrativa, o storytelling, seja um bocado classicista old-school, o que me impressionou mais foi a banda sonora, completamente triste, mágica, intemporal, que nos transporta, de mente e coração, para dentro da história, para dentro do filme, para dentro de nós. Até mesmo a música final "winter light" de Linda Ronstadt, só não nos põe a chorar por um triz ou porque não temos o coração aberto ou porque temos vergonha.
É um jardim, é secreto. Eu tenho um jardim. Eu tenho um amor. Eu tenho um segredo. O que será melhor do que partilhar um segredo? Ou mantê-lo secreto, só nosso?
A palavra mais linda do mundo é segredo.
Era bom que este filme fosse um segredo. Um segredo só meu. Um jardim só meu. Um jardim secreto. Jardim. Secreto. São as duas palavras mais queridas do mundo para quem ainda não se esqueceu de ser menino, de ser pequenino, de explorar, de sonhar, de querer, e sobretudo de saber guardar, saber esconder, saber preservar, saber partilhar.
Com quem é que podemos partilhar um jardim que descobrimos, um jardim secreto só nosso, tão pequeno, tão nosso e de mais ninguém?
Por enquanto este filme é só meu.
Por enquanto.
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