
E depois há a minha interpretação: O trabalho não libertava os judeus nos campos nazis, nem "dos" campos nazis, nem no sentido literal nem no sentido metafórico: apenas libertava-os de irem parar às cameras de gás «tão depressa» como os outros. Trabalhar era o único meio de adiar a morte no regime nazi, que dividia toda a gente em trabalhadores "essenciais" e "não essenciais", saudáveis e doentes, velhos e novos - em suma: os que podiam trabalhar e os que não podiam. Isto no início, claro, porque a partir de 1942, com a declaração oficial do holocausto, aparentemente, decidiu-se que o «trabalho» já não libertava ninguém, chegando à conclusão que somente a morte «libertaria» os judeus (leia-se, do regime nazi).
Mas para todos os efeitos, aceitemos a verdade universal de que o trabalho liberta mesmo e admitamos que sim, que o «slogan» tinha a sua razão de ser e que o trabalho libertou-os mesmo. Mesmo que por um breve período de tempo, sim, libertou-os. Mas reduziu-os a pouco mais do que nada, meros farrapos humanos, sem dignidade nem esperança, mesmo antes de chegar, por decreto oficial, a verdadeira liberdade que, essa, sim, estava mais lá dentro do campo, ao fundo, nas câmeras de gás...
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