28.9.12

Juntos na Rocha!

"Portanto, todo aquele que ouve minha palavra e a pratica, será semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. A chuva desceu, os rios transbordaram, os ventos sopraram e deram contra aquela casa; contudo, ela não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.” Mateus 7:24-25

24.8.12

Sem graça nenhuma!

Amor ou dinheiro?


Porque é que as mulheres hesitam tanto em escolher um namorado e depois escolhem sempre um tipo que tem emprego, casa e carro? Hmm, porque será? Posso arriscar uma resposta: Entre um homem que anda a pé e outro que tem carro, quem é que acham que elas vão escolher?
Não estou a vê-las a dizer à melhor amiga: "Ai 'miga, adoro tanto quando saio do trabalho e o Necas está à minha espera na paragem do autocarro quando está a chover!"
Quem escolhe dinheiro e conforto é só isso que recebe.

Roupa Branca!

Aldeia da Roupa Branca (1939).
A imagem da mulher portuguesa no tempo de Salazar: Boa trabalhadora, pouco escolarizada, rural, risonha e cantadeira, pobre mas feliz. Uma mulher que não precisa mais do que aquilo que a natureza (leia-se 'O Estado') lhe dá - a felicidade do seu trabalho doméstico, a alegria de ganhar o pão de cada dia com o suor do seu rosto. 70 anos depois a mulher portuguesa saiu do campo, foi para a cidade e passou a lavar a roupa na máquina de lavar enquanto tira fotos com o Iphone e coloca-as no Facebook.
Tempos modernos. Ou nem por isso.
Tanto nesse tempo como agora no Facebook, as mulheres lavam sempre a roupa suja em público.

The Dark Knight Rises (2012)

Marion Cotillard.
A melhor razão para ver o novo Batman.

22.8.12

Medieval!

Por água abaixo!

30.5.12

Melancolia

O filme mais «tenso» que vi este ano. Este filme é um pesadelo lindíssimo, um sonho depressivo sufocante. E com um final aterrador. Kirsten Dunst: palma de ouro para melhor actriz merecedíssima! Lars Von Trier só me traz pesadelos, raios o partam! No início estranha-se mas depois entranha-se. Esqueçam o filme 2012. Melancholia é o verdadeiro filme apocalíptico - consegue mesmo entrar-nos dentro da pele. Sim, tem muitas partes chatas e depressivas, mas acredito que ninguém vai conseguir esquecer os últimos 20m do filme. O «fim». O maior pesadelo de todos é o fim. O que fazer quando tudo acaba? 

24.5.12

Desenhos do Rui Pedro Soares

Sou amigo do Rui Pedro há mais de 20 anos. Fomos colegas de turma, amigos irreverentes tipo Tom Sawyer e Huckellberry Finn e cinéfilos do cinema de terror desde tenra idade. O Rui Pedro é a pessoa mais talentosa que conheci em toda a vida e os seus desenhos que, com grande orgulho, publico neste blogue são a prova disso: Perfeitos em toda a linha. A lembrança mais antiga que tenho dele é uma imagem em que toda a turma e professor incluído estão parados a vê-lo a desenhar. Não é preciso dizer mais, pois não? Enjoy :)
Visitem o site dele aqui.

19.5.12

Carinho especial? Está bem, está!

Detesto mulheres que estão sempre a dizer às amigas que «ainda sentem um carinho especial por ele»: um ex-namorado, um ex-marido, um ex-qualquer coisa. Desde quando é que um amor passa a carinho especial? E quando é que passa de carinho especial a simples amizade? É como passar de cavalo para burro. Há ainda quem passe de amor diretamente para a amizade e sem passar pela casa partida e recolher os 20€! É como passar de cavalo para andar a pé, sem passar pelo burro. Tenho para mim que uma mulher que sente um carinho especial por alguém que 'supostamente' amou, é porque nunca sentiu por ele mais do que isso: um carinho especial.
Haverá palavra mais odiosa do que carinho especial? Carinho especial sinto eu por um cão ou por um gato. Sinto por eles carinho suficiente para não os deixar dormir na rua. Mas não consigo sentir um carinho especial por uma ex-namorada. Amei-as e prefiro ignorá-las ou ser indiferente à vida patética que levam a sentir carinho especial por elas. Sinto carinho por elas, muito carinho, como se fosse um lembrete dum amor que existiu, mas não sinto um carinho especial.  
Carinho é uma lembrança verdadeira. O carinho especial é uma lembrança magoada dum amor que ainda não está esquecido. Carinho é amor. Carinho especial é a negação desse amor.
Desculpem lá: um amor, grande ou não, pode até acabar mas não pode acabar em carinho especial.  Não é um patamar ao qual o amor deva «descer». Não pode.
E o que é o carinho especial? Para elas é aquele sentimento que fica depois dum amor que se partilhou, uma pequena lembrança saudosa dos bons momentos que passaram juntos e outras tretas. Para eles não há carinho especial. Há amor e o fim desse amor. Há saudade, há querer voltar atrás, querer esquecer, querer seguir em frente, querer que ela se foda, mas não há carinhos especiais. Nenhum homem com os tomates no sítio sente qualquer carinho especial por uma ex. Ou ama-a ou odeia. Já viram dois «ex's» quando se encontram? Parecem dois mágicos a fazer truques de cartas um ao outro. Para quê? Já conhecem os truques todos. Já sabem qual é a carta que vai sair. Já não me lembro de ver um azedume na rua, uma má cara ou um semblante carrancudo por parte de dois amantes. Toda a gente quer seguir em frente e não sofrer, porque não vale a pena sofrer quando o melhor é fazerem as pazes e serem amigos. Está mal. Está muito mal.
Adoro o carinho, como se fosse um amor pequenino ou servido em doses pequenas, como beijinhos, abracinhos e outras meiguices. No carinho especial  não há meiguice - há pieguice.
Quero deixar aqui bem explicito que odeio o tal carinho especial. Prefiro o bom e velho rancor ao carinho especial. Prefiro um «vai-te foder» a um «então como estás?». Eu nunca disse, nem nunca ouvi nenhum homem dizer que «ainda sente um carinho especial» pela sua «ex». E porquê? Sentir um carinho especial por quem se amou mais do que a própria vida é desonrar esse amor. Não há pior insulto para um homem do que ouvir duma mulher que supostamente o amou, que ainda sente por ele um «carinho especial». É pior do que lhe tivessem chamado cabrão ou corno.
Prefiro que as minhas ex me odeiem e me guardem rancor para o resto das vida delas, do que sentirem um carinho especial por mim e queiram ser minhas amigas. Nunca vamos ser amigos de verdade. Nunca. Ponto final. Depois do amor não pode haver amizade. Uma coisa não leva à outra. A minha ex de vez em quando telefona-me e vamos tomar café. Chama-me sempre "migo" e diz que sou o melhor amigo dela, mas a verdade é que não sou. Tou a cagar-me. Apaixonei-me por ela e nunca quis ser, nem nunca serei, amigo dela. A paixão existe, a amizade não.
Quando acaba uma relação entre duas pessoas que se amavam e elas tornaram-se amigas depois é porque nunca foram mais do que isso. A verdade vem sempre ao de cima. Ou não?

13.5.12

O que faz uma alma?

(Texto escrito em 1999. Foi um começo como cronista amador (só tinha 22 anos), muitas gralhas, demasiados pontos de exclamação, muita filosofia de ponta, uma escrita demasiado pretensiosa pela qual todos os jovens cronistas gostam de impressionar os outros. Engraçado é que ainda não me envergonho de ter escrito este tipo de lamechices, visto que nunca deixei de ser um cronista amador). 

A cidade acordou triste, remelenta e procurando o sol descobriu que este, envergonhado, escondera-se timidamente atrás dumas núvens cinzentas que se espraiavam pelo céu. Está na hora das pedras da calçada começarem a chorar e benevolamente juntarem as suas lágrimas às que as núvens ameaçam derramar sobre a Terra. Chorar é como chover - ninguém gosta mas é preciso! De vez em quando! Faz bem, porque não pode chover sempre... Nem chorar! Mas faz bem.
É sinal que a Alma está boa de saúde e está pronta a obrigar a puxar as pessoas pelo lenço. Nem que seja por um segundo! Milhares de lágrimas convertem-se num segundo de líquido que escorre pela cara misturando-se com as carnes ruborescidas que teimam em sorrir. Não se pode (nem tem importância) fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Uma alma sozinha é sempre mais chata do que uma alma acompanhada. Mais chato do que estar sozinho é estar triste.
Não conheço nenhuma pessoa que andando sozinha não ande sempre trombuda - com a alma na tromba! Andam sempre com a alma estampada na cara, como aquelas pessoas que vestem Nike. Uma alma é uma «coisa de marca». Pode ter sido inventada por alguém mas somos nós que a usamos. Somos sociáveis mas no minuto em que nos apanhamos a sós, temos uma chata duma alma para nos fazer companhia.
A alma é mais solitária que o homem - precisa dele! Para viver. Para ter sentido. Para respirar. Já ouviram falar em almas amigas? Eu só conheço almas gémeas. Do mesmo óvulo. É preciso ter um bocado de sorte para se encontrar a nossa alma gémea. Para além de serem almas, é horrível terem que ser gémeas. Como se uma só não bastasse.
Não há almas bonitas ou belas. A alma tem uma beleza (e não pode deixar de tê-la) que não se vê mas se sente. É uma brisa. Passa por nós e não nos deixa indiferentes.
Uma pessoa é uma casa que a alma aluga para viver para sempre! A tristeza e a solidão são o recibo de condomínio! Porque a solidão é sempre fria, a alma é um cobertor que aquece o corpo e o protege. Os sentimentos são aquecedores sentimentais, cobertores que conseguem cobrir inteiramente a zona cardíaca contra os choques solitários.
Uma alma trabalha muito, sem parar e só tira folga quando uma pessoa começa a amar. O coração entra em actividade e a alma finalmente pode tirar umas férias merecidas. Há como que um sistema rotativo de mudança de turnos: " Um coração quando amamos e uma alma quando estamos sozinhos!" A coração quer amar e a alma quer ser amada. Simples?
Porque será então que quando se ama, anda-se (repare neste verbo hediondo) com o coração nas mãos e anda-se de alma perdida? Um coração assustado esconde-se logo nas mãos (se possivel nas da pessoa amada) e um alma assustada o que mais quer é fugir para longe e perder-se (se possível, o mais longe da pessoa amada). A alma e o coração, o que são afinal? 
Uma alma é um autocarro vazio numa hora de ponta. Olha para fora, vê as pessoas; olha para dentro e só se vê a si mesma. A solidão é o condutor do autocarro. Deixa entrar toda a gente, mesmo sem bilhete. Uma alma é um autocarro para o passado, para o que perdemos, para o que não fizemos, para quem deixamos. Dá-nos a volta! Um coração é um avião, de tanto voar, só aprendeu a andar nas núvens, olha para o nosso amor cá em baixo e diz adeus com as asas.  A solidão é a pista de aterragem, quando o coração cai na "realidade". Uma alma olha para os outros e procura uma alma parecida consigo. Um coração já escolheu quem quer e só quer chamar a atenção dessa pessoa. Uma alma vive de fora para dentro. Um coração vive de dentro para fora. Um alma para trás. Um coração para a frente. Uma alma é sempre saudosista e um coração é sempre sebastianista. Nenhum vive para o presente. Essa é a função do cérebro, um órgão que não é para aqui chamado. Uma alma é conservadora; um coração é liberal. E por aí fora.
Um alma vê sempre tudo a preto e branco o coração vê tudo colorido. Para ele, o preto e o branco também são côres, mas mais feiotas e a evitar.
Uma alma quer tudo.
Se tivessemos só um minuto de vida, a alma ocuparía logo 59 segundos.  O outro segundo, a alma dá-o ao coração, mas se ele não o gastar logo, ela toma-o de volta para si, e outro e outro, o mais que puder, porque pensa que são todos iguais. Não é verdade. Num minuto de vida, há 60 segundos todos diferentes uns dos outros, todos com ciúmes uns dos outros. Enganem-se amigos. Um minuto não são 60 segundos iguais: há segundos de saudade, segundos de tédio, segundos de alegria e por aí fora.  Entre o 23º e o 24º segundos, há um ódio antigo que faz corar todos os outros segundos mais cortesãos. A alma é mais possessiva: quer todos os segundos duma vida só para ela e, com mal disfarçada pena, lá se compadece de dar o último dos segundos ao coração, que o agarra logo nas mãozinhas tremelicantes e com genuína alegria o gasta logo para pensar no seu amor perdido.
Uma alma guarda. Um coração gasta. Uma alma poupa, porque tem medo de perder. Um coração dá, porque não tem bolsos e se os tem estarão certamente rasgados e os segundos vão todos cair ao saco meio-vazio/ meio-cheio da alma.
Um coração que consiga amealhar muitos segundos, usa-os todos de maneira diferente. A alma gasta-os sempre na mesma coisa: em saudade. O coração gasta o tempo que tem a olhar para a frente; uma alma a olhar para trás. Por isso procura o coração e não o encontra. É que o coração é um orgão mesmo à frente!
Uma alma e um coração lutam pelo poder sobre as nossas vidas. Um coração pensa que sozinho chega lá e que basta um só segundo para ser feliz. A alma é mais recatada e pensa que precisa de muito tempo para pensar e avaliar a sua vida e precisa sempre de ajuda antes de tomar qualquer decisão. Se fossem indivíduos, uma alma é uma pessoa que está sempre à espera dum salário ou de um subsídio e só quer o que é justo. Sobretudo não quer perder o que acumulou toda a vida. Um coração, muito trabalhador ou muito preguiçoso, não se importa de trabalhar de graça. Uma alma acumula; o coração gasta tudo o que tem.
Uma alma é uma velhinha sentada numa cadeira de baloiço a fazer renda junto à lareira. Não se importa se está bom ou mau tempo. Um coração é um míudo de 10 anos a brincar na rua, uma fisga num bolso, caracóis e chiclas no outro, testa suada, joelho a sangrar com lenço amarrado e bicicleta ao lado de pernas para o ar. Uma alma tem medo de apanhar frio e se constipar. Um coração mesmo doente trabalha sempre.
Uma alma faz pela vida. Mas não a vive. Um coração limita-se a viver. Mesmo às vezes sem fazer nada por isso. Um alma envelhece muito mais rápido e em certos casos já nasceu velha. Um coração pensa que vai ser jovem para sempre.
E não é que vai mesmo?

Mediocridades!

Em Portugal, nunca morre ninguém medíocre ou banal. Não há um escritor insignificante, músico mosca morta ou poeta entediante neste país. São todos excelentes. Quando batem a bota, é costume dizer-se que «foram a voz da sua geração» ou «um talento sem igual» e que, estranhamente, por terem falecido de forma injusta ou partirem «demasiado cedo» (um clássico!), «o país ficou mais pobre» (outro clássico). Em Portugal não há ninguém banal.
Gostava de ver, por uma vez que fosse, num Telejornal, um apresentador a dizer: "Hoje morreu o escritor fulano de tal, mas nunca escreveu ou publicou nada de jeito! E agora o estado do tempo para o fim de semana!»

6.5.12

Não faltam mulheres!

Ela disse que não queria ir tomar café comigo porque estava «mau tempo».
Não faltam mulheres, querida!
Não faltam mulheres.

Medo? Aproveitem!

O objectivo dos telejornais é meter medo. E o medo leva ao consumo. Os Mass Media, o poder económico e o poder político (a verdadeira Troika que sempre mandou neste país) têm a faca e o queijo na mão e conhecem muito bem a populaça que os elegeu para governar. Sabem, sobretudo, que a populaça detesta ser pobre e, como tal, conhecem todos os fantasmas duma população pobre, analfabeta e envelhecida: Medo do desemprego, da crise, da pobreza, do crime, da solidão e da morte, que é o que faz gerar a economia.
E as pessoas com medo fazem tudo para não viver com esse medo.
Inclusive fazer o que lhes mandam: viver uma rotina de medo, de desespero sorridente.

No final do dia, quando toda a gente chega cansada a casa, do trabalho, e começam a ganhar coragem para tentar mudar de vida no dia seguinte, é precisamente nesta hora que ligam a tv para ver o telejornal. E é aqui que começa o medo: Desemprego, Fome, Depressão, Crime, Crise, Solidão, Morte.
Depois de ver um telejornal toda a gente pensa exatamente isto: «A minha vida, afinal, não é assim tão má, há tanta gente pior do que eu, e eu ainda me queixo...Bem, vou mas é fazer umas compras!»

O medo vence sempre.
E o medo leva ao consumo. 

1.5.12