Sinto que estou a morrer, agora que não consigo fazer sexo. Perdi a tusa toda já lá vão 20 anos, desde a queda do muro de berlim que se me caiu a gaita também. O meu coisito está mais murcho e seco que uma passa do algarve. Sempre que o exponho ao sol, ele esconde a cabecita para dentro da carapaça qual uma tartaruga assustada. Longe vão os tempos áureos em que este idoso e diabético mangalhito era um fenomenal caralhão assustador de multidões, pai de todos os exibicionistas, robusto instrumento que só encolhia em dias de forte nevão ou quando se lhe dava uma marretada na cabeça. Demorava sempre duas horas a perder o tesão depois do acto sexual, tal era a pujança do guerreiro - o meu último dos moicanos - e agora, para vê-lo com certo volume, tenho de tomar aquelas pastilhas azuis ou esperar que o vento esteja a soprar de norte.
A minha reforma vai inteira para o viagra, que tomo dois por dia e que espero levar para a cova, isto é, se conseguirem fechar o caixão!
Que saudades do tempo em que a simples passagem duma rapariga bonita era o suficiente para o meu moço rasgar as calças e vir cá para fora rugir como aquele leão da MGM. Passava horas ao espelho, admirando cada contorno e curva, cada veia saliente do meu hercúleo bacamarte, que tinha sempre dois fieis seguidores e admiradores, dois grandes e sumarentos colhões, dois rebentos de sabedoria e esperança demográfica, agora transformados em duas uvas passas peludas. Não eram testículos - eram os meus moços, bons lacaios, dois tomatões, duas melancias reprodutoras que batiam recordes de peso em qualquer campeonato regional agrícola. Eram de facto tão pesados que nos primeiros 30 anos da minha vida nunca consegui caminhar numa posição completamente bípede. Na escolha chamava-me o «curvadinho».
Pois estes dois grandes rochedos casamenteiros, acompanhados pelo meu farol de Alexandria de 29 cm, especialmente este último era objecto de admiração das mulheres da minha aldeia, que lançavam longos assobios quando passavam por ele, sim, ele, o meu Sancho que me auxiliava quando lutava contra moinhos vaginais...
Belos tempos esses. E ainda perguntam porque é que nunca casei.
Pronto. Agora é que não tenho mesmo força na gaita. Fogo! Antigamente é que era, nem precisava de sair do sofá para mudar de canal da televisão. E a televisão nem tinha comando.
Ao menos vou ficar na história por ter inventado nos anos 30 o famoso jogo popular «a subida ao pau». Viagra? Nem me falem em viagra...agora a única coisa dura em mim são os meus joanetes. Agora sería preciso 3 caixas de pastilhas azuis para içar esta vela ao vento...
Quem me dera ter outra vez 20 anos.
Quando eu era novo, bastava um simples comprimido azul e quando fazia atletismo, mesmo a correr em quarto lugar conseguia sempre ser o primeiro a cortar a meta.
Era tão famoso.
E feliz.
(1999).
3 comentários:
"Perdi a tusa toda já lá vão 20 anos, desde a queda do muro de berlim que se me caiu a gaita também. O meu coisito está mais murcho e seco que uma passa do algarve."
Onde quer que esteja, o Henry Miller estará orgulhoso.
Bem, a tua mente deve andar a mil! não sei onde vais buscar tanto pensamento ardiloso:P
Márcia
Obrigado aos meus fãs principais. Bem hajam :)
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