É fácil saber se estamos apaixonados ou não. Se temos que perguntar, é porque não estamos. Se duvidamos, também não. Se descobrimos que estamos, que é a primeira vez que nos apaixonamos em toda a vida, então sentimos medo que alguém descubra. Sobretudo «ela». Pode-se ter saudade de quem se ama, mas para quem se apaixona não é a saudade que se sente da pessoa amada ou a vontade de estar com ela. Nem interessa muito saber se ela é ou não o amor da nossa vida. O que sente é medo: "Ai se ela descobre!"
Depois entra o cérebro para ajudar:
- "Pá, ela não pode saber nunca. Tu não a mereces, ela nunca reparou em ti sequer, ainda por cima és gordo e caixa de óculos e quando te ris fazes lembrar a matança do porco em Chaves".
Mas o coração não se deixa ficar:
- "Mas ela é tão linda, é alta, loirinha, um bocadinho cheínha, quando se ri o rosto dela faz duas covinhas, uma de cada lado da boca e quando ela está triste, puxa sempre o cabelo para trás com a mão e com a outra coloca um ganchinho para o prender... e eu sei sempre quando ela está triste. Sempre".
O amor é mais profundo que isto. Mas uma coisa muito profunda deixa de se ver e deixa de querer ser vista. O máximo que podemos aspirar é estarmos apaixonados.
Um grande amor pode trazer alegria, mas uma pessoa apaixonada por alguém sabe sempre quando a outra está triste.
1 comentário:
Consulto o teu blog com regularidade. Mesmo quando deixaste de cá vir encher-nos os dias.
Revejo-me no que escreveste e acredito que só uma vida de amor pode valer a pena...
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