(Carro dos Loucos, Feira Medieval, Santa Maria da Feira)
De Vila Nova de Gaya, situada a sul do Condado Portucalense, saíu hoje D. Nelson Mendez, Duque da Casa Real de Seus Pais, pois mora com eles, numa jornada em carro de ferro com potência de algumas dezenas de cavalos com destino a Santa Maria da Feira, por altura da famosa Feira Medieval, local de encontro anual de milhares de servos da gleba e nobres de todo o país que ali rumam com o intuito de encher a real pança a odres de zurrapa, servidos pela plebe do costume.
Por todo o lado há barracas com brindes e chás para todos os males, tabernas de comes e bebes, estalagens medievais, prisões, capelas, cuspidores de fogo, malabaristas e bobos da corte, duelos entre nobres a cavalo, toda a sorte de jogos medievais, arqueiros, aias vestidas de branco e, as minhas preferidas, barracas com assadores de javalis e porcos inteiros no espeto, a girar alegremente sobre as brasas quentinhas e fumegantes, já todos lascadinhos nas coxas e no lombinho e barracas com barris de sangria fresquinha e ginginha que provei num pequeno copinho de madeira que trouxe como recordação.
Comi as mui-deliciosas e universalmente conhecidas Fogaças, um doce regional de Santa Maria da Feira, que comprei na famosa Confeitaria Castelo, cuja história do doce remonta à tradicional Festa das Fogaceiras, nos meados dos séc. XVI, num voto feito pelo povo e pelos condes ao Mártir S. Sebastião em 1505, para que os livrasse da Peste.
E lá ía eu a «jornadear», um pobre duque sem escudeiro para carregar o barril de cerveja durante o percurso, sempre à cusca duma donzela em perigo eminente que precisasse ser salva das garras dum espadachim mais bebido ou duma aia voluptuosa, mais entradota na idade, farta de carnes, com mamas que até dão para segurar um pequeno barril de ginja no meio - e que me fizesse abandonar o eremitério duma vez por todas-, entretido e completamente deslumbrado pela fabulosa recriação histórica do local que, quando dou por mim, já estou de volta ao presente, de regresso a casa, de volta ao século dos telemóveis e da internet, de volta a mim e aos meus.
Mas a viagem interior ficou.
Obrigado Santa Maria da Feira.
A Fogaça, para além da simbologia religiosa secular que carrega em si, é um delicioso docinho feito com ovos, açúcar, canela, fermento, manteiga, sal, limão e farinha. Misturam-se os ovos, mexe-se a massa e espreme-se o limão. A massa é pesada e puxada. Põe-se a fornalha a arder, enquanto se vai trabalhando a fogaça. O Tabuleiro é colocado no tendal, ficando as fogaças a levadar. A meio da cozedura são retiradas do forno. As fogaças são abertas e cintadas, ficando com um formato inspirado nas quatro torres do Castelo. Há fogaçinhas a €1,50, €3,50, €5 e a €10, saborosas e acabadinhas de sair da forno a lenha para encher a nossa real pança de plebeus esfomeados. Claro que, à hora em que escrevo isto, já só restam migalhas na mesa da cozinha... Vilões! Traidores!! Aqui d'el Rei!!!
O lindíssimo Castelo de Santa Maria da Feira.
Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
2 comentários:
Quanto te pagaram pela Pub?
Já sei, não digas. Foste comer de borla.
Ganda Nelson.
Por acaso fui comer de borla, há coisas que não mudam não é??
Comi à pala e soube a pato...
Abraço
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