24.8.06

Um clube de vídeo novo aqui na terrinha deu-me para ver mais dois filmezinhos catitas!

Os últimos dias duma estrela de música grunge de Seattle. Depois do sucesso, dos milhões, da toxico-dependência, um filme sobre os últimos dias que antecederam o suicídio de Kurt Cobain. Van Sant apresenta-nos para a mesa um prato extremamente frio. Os ingredientes não são bonitos: uma pázada de solidão, um frasco inteiro de insanidade, duas colheradas de abandono e suicídio para sobremesa. Cobain veste-se de mulher, nada no rio, come cereais enquanto fuma, toca guitarra, etc. Um filme minimalista, cheio de silêncios, poucas palavras, corpos a cair no chão, na cama e uma alma que se vai deteriorando lentamente até à libertação final pelos canos fumegantes duma caçadeira nos miolos.
O melhor do filme é uma mulher que lhe diz: "Não estás farto de ser mais um cliché do rock?"
Cobain, já com o cérebro entorpecido da ressaca, não responde. Nem um sorriso. Ele «era», para todos os efeitos.
Toda a gente diz que o filme é uma seca. Eu não acho. É cinema puro e bruto, sem texto e floreados românticos, sem moral ou explicações. No fim, não se apuram responsabilidades para a morte de Cobain e, como em todos os clichés do Rock & Roll, a culpa morre solteira. Claro que o filme não faz justiça à biografia de Kurt Cobain ou à banda e ao sucesso; trata-se somente em explorar friamente os últimos dias de Kurt Cobain e dos seus devaneios insanos até ao crepúsculo final. Não há brilho, não há glamour, não há alegria, o fim é mau e depressivo. Nisso Van Sant é brilhante, como já foi em Elephant. Não se pode pedir mais a quem já fez tudo. Objectivo cumprido.

O que andei à procura deste filme, Les Triplettes de Belleville, mais conhecido por Belleville Rendez-Vous, obra premiada de Sylvain Chomet. Finalmente encontrei-o quando me fiz sócio no novo clube de vídeo aqui da zona, a 2o passos de minha casa. Mais uma pérola. A ver.

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