Leio O Inquisidor, de Valerio Evangelisti, uma mistura de história, thriller político e física quântica e recomendo a toda a gente que adora romance histórico ao puro estilo Nome da Rosa, mas com mais imaginação, aliás, pura e fantasiosa, combinado passado, presente e futuro. A personagem principal é Nicolau Eymerich, um padre dominicano que é, nada mais nada menos que, o autor do primeiro «Directorium Inquisitorum», isto é, o primeiro Manual de Inquisição em 1376, a bíblia de todos os reais queimanços na praça pública, de bruxas e afins. Eymerich era mau e cruel, leia-se: com um sentido muito próprio de justiça. Foi o primeiro a incluír as torturas nos interrogatórios, chegando a perfurar a língua do povo herege com um prego (criando assim o primeiro piercing da história!?), entre outros requintes de malvadez, para que confessassem os pecados e renunciassem ao chifrudo. Foi também o primeiro inquisidor a contornar a lei do Estado que proibia uma "segunda tortura" para a mesma pessoa, visto que a primeira não dava o «resultado pretendido», o que era chato para o pobre blasfemo, a quem já não bastou ser arrancada a pele das costas a sangue frio e agora vai ter que ser esticado, por pés e mãos, até aos 2,20m no cavalete. O Inquisidor, o livro, não relata nada disto, revelando apenas o início, de forma ficcional, de como Eymerich chegou ao Poder («Poder» com «P» grande, porque a Igreja tinha poder político, não havendo separação entre Igreja e Estado) e com enorme perspicácia, manha e inteligência descortinou e resolveu um mistério pagão que assombrava o poder religioso da altura.
Muita gente morreu nas chamas quentes, fumegantes e redentoras da Santa Inquisição. Em nome de Deus, perseguia-se, torturava-se, absolvia-se, matava-se e salvava-se, quer pelo fogo, quer pela penitência e pela expiação. No entanto, e a título de curiosidade, se quiserem saber como se desenvolvia todo o processo de inquisição,naveguem nesta página. Vale bem a pena.
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