21.6.06
Viva Portugal, Viva o Futebol: Viva o Futogal!
Graças ao Mundial de Futebol que decorre na Alemanha tenho dado por mim, lentamente, pé-ante-pé, a adormecer menos a ver os jogos. O Portugal-Angola não vi, mas a vitória da Selecção Portuguesa só vem confirmar uma velha suspeita minha - de que a história se repete e que Portugal, de uma maneira ou de outra, histórica ou futobolisticamente, acaba sempre por «lixar» uma país de 3º mundo!
No jogo Portugal - Irão, adormeci quase toda a primeira parte; eu e a Selecção que, a bem ver, não marcou golinho algum. Na segunda parte, lá arrebitei o cocuruto do sofá, sempre que ouvia Golo! Resultado: Portugal 2 Irão 0, duas bombas kamikazes de puro esférico enriquecido na baliza Iraniana.
Hoje, no Portugal-México (2-1), lá consegui ver 10 ou 15 minutos, tendo passado o resto do tempo a fazer zapping entre o Odisseia e o Canal História: o primeiro dava um documentário sobre a vida sexual dos aborigenes; o segundo, um extenso documentário a preto e branco sobre as Vitórias do Benfica, que pela "actualização" da coisa, pelos vistos, só passa mesmo no "Canal História".
Primeira verdade: O mundial está a ter «piada» porque Portugal até agora (21 de junho) está a ganhar. Segunda Verdade: Se tivessemos perdido todos os jogos, a Selecção não "jogaría nada" e mais valería era "ir plantar batatas".
Assim sendo proponho que seja redefenida toda a estética futebolística actual.
Um jogo de Futebol normal só deverá ter 10m com um intervalo de 5m. Não deverá ter ninguém a assistir, nem treinadores nem árbitro. O Futebol passaría a ser jogado como é sempre jogado nas escolas primárias e becos de estrada por aí fora.
Como na escola, mandaría sempre aquele puto gorducho do interior que bate em todos e que, por acaso, é o dono da bola. Toda a gente tería a sua vez de jogar; quem não sabe jogar vai para a baliza ou passa a ser o "apanha bolas".
O jogo começa logo após uma agradável sessão de cachaços no puto mais pequeno e termina quando a bola vai parar ao campo do vizinho, mesmo no rego do estrume no campo de cebolas.
Isto sim.
Agora ver 11 marmanjos de cabelo efeminado, durante uma hora e meia, que se benzem antes de entrar em campo e que começam a chorar quando alguém lhes causa um dói-dói na barriguinha das pernas sendo imediatamente transportados de maca, mimados por enfermeirinhos diplomados que lhes fazem festinhas e limpam o ranhinho e a babinha do queixo até chegarem ao Hotel Spa onde estão instalados, desculpem lá, mas já estão a pedir-nos demais.
Já repararam que os jogos são transmitidos sempre sem banda sonora, sem música, havendo apenas aquela voz arrastadamente monocórdica "Quim passa para Maniche, Maniche passa para Figo e Figo cai ao chão, de tão maduro que está..."
Proponho que todos os Jogos do Mundial passem de uma hora e meia de duração para uns escassos 20m, só o tempo necessário de serem transmitidos aos som dos "Cavalos de Corrida" dos UHF, com a particularidade de ser pôr em constante "repeat" o refrão "Agora, Agora (x2) Tu és um cavalo de corrida..."
Para os momentos mais chatos e mortiços aconselho o inevitável "Recordar é Viver" do Vitor Espadinha ou qualquer balada do António Calvário.
O facto é que vivemos em verdadeira Futobolândia. Tudo aos saltos (na minha mente está a passara a imagem em câmera lenta do mulherioto aos saltos, mas sem soutien), todos pintados, todos aos berros.
O Portugal dos Descobrimentos transformou-se na Futobolândia dos Relvados. Futebol e Portugal deu lugar ao - pouco inventivo, diga-se: Futogal!
Se antigamente descobríamos o Caminho Marítimo para a Índia e dobravamos o Cabo Bojador, hoje arrepiamos caminho, pelo menos, para os oitavos-de-final e a cada golo marcado, saltamos e pulamos todos pintados a gritar "É pró bujão" ou "vai buscá-la" e ainda "toma lá nessa peida".
Numa primeira impressão é bonito, mas se pensarem melhor é triste.
É mesmo triste.
Sebastião vai voltar, numa manhã de nevoeiro, mas assim não dá para ver jogo nenhum.
O País real segue dentro de momentos após um curto intervalo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Força Nelson! Grande post! GRANDE em todos os sentidos!!! :) Abraço
Enviar um comentário