27.6.06
Alguém disse Manif?
Confesso. Detesto manifestações. Há sempre pessoas aos berros nas ruas com cartazes mal desenhados, há sempre um palerma que sobe a uma árvore com um megafone, pintam a testa com dísticos ilegíveis, fazem estado de sítio, dormem e comem e fazem as necessidades na rua, enfim, um retrocesso civilizacional, tudo características de uma revolução.
Odeio revoluções e, pior do que isso, revolucionários. Como conservador que sou, não gosto que as coisas mudem: o lema é - como escreve Miguel Esteves Cardoso nos seus livros - "não mexer na fruta".
Por isso foi com estranheza que assisti há uns tempos a uma manifestação de professores em frente à Assembleia da República. Motivo? Para variar, este ano: Baixos salários, dificuldades na progressão da carreira docente, passes sociais desactualizados, senhas para o almoço caducadas, falta de guardanapos de papel na cantina da escola, excesso de giz na tromba, falta de cadeiras nas aulas, excesso de professores hspitalizados etc, etc.
Verdade se diga que também detesto greves de alunos, nunca fiz greve na vida, aliás aproveitava as greves para ir ao cinema e correr atrás das raparigas, que é ao que qualquer estudante se devia dedicar. Ler e «pinar».
Os professores devem ganhar mais? De acordo. Têm uma vida ingrata, instável e ficam com cabelos brancos mais cedo que o habitual? Certo. Querem casar e procriar mas estão sempre de malas aviadas para dar aulas em cascos de rolha? Sim, já sabemos.
Mas há uma questão que permanece: Num país como o nosso - onde a iliteracia é abundante (mesmo na classe docente), onde mais de 50% dos alunos universitários não terminam os cursos, onde há dois milhões de pessoas a viver no limiar da pobreza (ou abaixo desta, para aqueles professores que pensam que "limiar" significa não ter TVCabo) onde há uma alta percentagem de abandono escolar ainda na secundária, onde há violência e droga - para que é que os professores querem ganhar mais? O problema é dinheiro, carcanhol, arame, pilim? Porque é que não exigem antes subsídios para continuarem a vossa instrução formal, tirar o doutoramento, etc? Porque é que paráram no tempo? Porque é que só querem mamar na teta do estado? E agora querem morder a mão que vos alimenta? Que carreira docente é que querem ter se nem sequer fazem a escola toda? E para que é que precisamos de mais professores? Já não há que chegue no desemprego ou a trabalhar nos hipermercados?
O país não precisa de professores, precisa de alunos. O país não precisa de livros, precisa de leitores. As escolas não precisam de professores reivindicativos, precisa de professores, investigadores, estudantes, alegria, conhecimento, divertimento, etc.
O direito há greve é um direito que está constitucionalizado, mas o direito a ter juízo devia ser institucionalizado.
A marcha dos "stores", que deviam era a estar a mestrar-se e a doutorar-se como fazem os seus pares em países civilizados, começou no Parque Eduardo 7º e acabou no gradeamento do Parlamento (se fosse uma manifestação contra a pedofilía era ao contrário, começava no Parlamento e rumava ao Parque Eduardo 7º!), como uma claque futobolística ululante. Uns choram. Outros berram. Outros aproveitam para passear. No fim do dia vai tudo para casa jogar Playstation. O país, claro, simpatiza mas olha para o lado ou muda de canal.
Já agora, só uma pergunta final: Porque marcaram a greve para quarta-feira, dia 14, véspera de feriado (15 de junho, quinta-feira) sabendo de ante-mão que haveria «ponte» na sexta-feira e assim, ufa!, dando origem a, tcharam!!!, um fim de semana prolongado de 4 dias!!! Que espertos! Tirar um curso superior e andar uns semestres a levar no pêlo com cadeiras nas aulas fez-vos bem à mona!
Oi foi pura coincidência? Se foi, as minhas desculpas e força aí rapaziada, berrem a plenos pulmões. Para o ano vejo-vos na secção de iogurtes num hipermercado qualquer.
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2 comentários:
Não, eu admiro os professores e ensinar é uma arte nobre; só sou contra certos profs que têm uma vida priveligiada e instrumentalizam o ensino para ganhar protagonismo e chamar a atenção para si próprios e para a classe a que pertencem.
Depende. Geralmente à pequena-média burguesia ou ao povo rico. Mas geralmente os "profs" que se manifestam na televisão e «para» a telivisão são descendentes do proletariado de esquerda cujo antepassado anti-fascista só lhes permite cultura suficiente para saber colar cartazes... LOL
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