29.6.06

Rock no Bar Porto Rio com os The Jills (em 4 actos): sem sexo nem drogas!



Acto 1 - Porto Rio Bar. Junho 2006. Os The Jills estiveram lá, segundo as palavras do vocalista, para «actuar ao vivo». Na foto, o lead singer olha para o tecto para ver se não lhe cai um balde de sangue de porco como na famosa cena de Carrie (Stephen King) de Brian de Palma. Não caiu. Enquanto isso, ao som do primeiro acorde já se notava aqui e acolá timidos bocejos e pessoas a deixar o recinto.


Acto 2 - A meio do «concerto», um dos «músicos» responde a 20 indivíduos que lhe perguntam onde é a saída, apontando com o braço direito! O lead singer, envergonhado, olha para a cábula no chão, uma folha A3 onde estão as letras da «música». The Jills somam e seguem.


Acto 3 - Longe vão os tempos em que uma banda levava com tomates no final da actuação. Hoje em dia é o próprio vocalista que decide, estoicamente, pedir desculpas a todos os presentes pela qualidade da banda e, per si, opta por"chamar o gregório" em pleno palco!

Acto final - Cá está o nosso intrépido vocalista Mr. Bike, para mais um encore a pedido da mulher da limpeza, a única neste momento no recinto, e para mostar, sem vergonha, a todo o mundo que a única coisa que ele tem no meio das pernas é, de facto, uma guitarra!

Corre o pano.

FIM

28.6.06

Ultimo combóio para os KLF!


1991. Tinha 14 anos quando ouvi pela primeira vez The White Room dos KLF. Depois nunca mais os vi ou ouvi, até muito recentemente, um amigo arranjou-me o cd e mal ouvi as primeiras faixas, viajei mentalmente outra vez a 1991, ao baile de fim de ano, onde lá estava eu, cabelo com gel, ganga e sapatilhas all-star, no meio do pessoal do rap do Mc-Hammer e Vanilla Ice (os Nirvana ainda só eram conhecidos nos circuitos undergrounds do costume e, se bem me lembro, Nevermind ainda não tinha saído), as raparigas a olhar para mim, e eu para elas, todas vestidas à onda choque ou ministars ou lá o que era.

Os mais «atrevidos» íam fumar "mata-ratos"para trás do balneário e os engatatões começavam a curtir com as raparigas mesmo antes de começar os «slows» do Richard Marx e dos Millivanilli.

E eu, claro, estava embebido em tantas gasosas da "gruta da lomba" que foi com espanto que comecei a ouvir e a dançar o fabuloso Last Train to Transcentral, um som futurístico, uma espécie de early trance, uma das músicas pioneiras no género "stadium house", aliás muito utilizado nas restantes faixas, uma mistura de rave music, ambient house (segundo a wikipédia) com Pop-Rock, misturando samples de barulhos de multidões aos berros - aliás igualmente perceptível na faixa 3. am Eternal.

Foi o delírio para mim. The White Room marcou na altura um certo culto na música de dança, em certa medida pioneiro no que se viría achamar sonoridade techno ou house, tinha uns ritmos Sinth bem trabalhados - até se ouvia uns tiros de metralhadora lá pelo meio das músicas, tal era a criatividade e a genialidade de Bill Drummon (aka King Boy D) e Jimmy Cauty (alias Rockman Rock).
Ouvir e dançar aquilo, todo aquele som misturado, rico, uma espécie de rap com malhas de rock, um pouco de sonoridade house, enfim - paixão à primeira vista. Uns dias mais tarde lá andava eu a telefonar para as rádios, na hora dos discos pedidos (sim, é verdade, não tinhamos iTunes nem Downloads) a pedir musicas dos KLF ou a ver se alguém tinha o CD, mas quem tinha também não emprestava porque já sabia que dias depois andava toda a gente a ouvir a cópia em K7 no walkman - não, não tinhamos Ipod. Depois a «moda» acabou e quando dei por mim já estava completamente imerso no espírito de Seattle com o culto dos inconformados e subversivos Nirvana e restante trupe de calças de ganga rotas nos joelhos e camisas de flanela vermelha.

Agora, graças ao youtube.com podemos ouvir e ver os KLf e o que se apreciava em 1991 no género da dança. Estará este som assim tão «datado»?

Ver aqui.

Joy Division: Closer


Sobre Closer, álbum dos Joy Division, há que ler um magnífico artigo de Miguel Esteves Cardoso publicado no livro Escrítica Pop, nos idos de 80, agora re-editado pela Assírio & Alvim:

"Closer é limpidamente belo - tem a transparência silenciosa da solidão, sem nunca se transformar em auto-compaixão ou sentimentalismo. É o momento em que nos damos fé duma tristeza insolúvel e da futilidade de a combater. Não há revolta - apenas um lento despertar, corajosamente assumido e aceitado." (pág. 108)*

"Closer tem tantos defeitos e tantas qualidades - e ambos deslumbrantes. Closer tem em si os extremos da fealdade e da beleza. Como LP [...] de música Pop tornou-se o mais belo e influente da década de 80. " (pág.361)*

*In Cardoso, Miguel Esteves - Escrítica Pop: Um quarto da quarta década do Rock 1080-1982.

Faço minhas as palavras do MEC. A minha faixa preferida chama-se Decades, a última do cd, uma música absoluta, bela, triste. Numa palavra: eterna.

27.6.06

Hayao Miyazaki: Mais uma obra prima do cinema animé!


Basta ver o novo filme de Hayao Miyazaki, autor do oscarizado A Viagem de Chihiro e, para quem já está na casa dos 30, Heidi e o Marco, Conan - o Rapaz do Futuro, intitulado O Castelo Andante, para perceber que estamos perante mais uma obra prima dum dos maiores cineastas mundiais, completamente à frente do seu tempo e dos seus pares.

Este filme é um sonho. Um sonho maravilhoso. Que nos faz viajar.

Poucos cineastas conseguem fazer isso. Um filme completamente deslumbrante, místico e, mesmo com um final «à americana», leva-nos a viajar por um mundo fantástico sobre o qual nem sequer nos atreveríamos sequer a sonhar.
E reparem que não estou a exagerar. Não tenho é palavras.

Ver trailer original aqui.

Para o Rui Pedro Soares

Novidades no mundo Harry Potter

Acabo de ver na CNN que no último livro da saga Harry Potter, a autora J.K. Rowling decidiu "matar" duas personagens, mas sem revelar quais, talvez duas major characters, quiçá o próprio Harry Potter ou Voldemort.
Desiludidos? Talvez. Se assim for, já não teremos Harry Potter: The College Years. Teríamos livros para mais uns anos. A correr bem.

Perguntas inocentes!


Porque é que nunca se vêm Padres ou Bispos a irem a Fátima a pé?

Aqui não há dialética! (clicar na imagem para ver melhor!)


Um pequeno retrato do quotidiano do proletariado. Afinal a história da humanidade não é a história da luta de classes. Marx estava errado.

Alguém disse Manif?


Confesso. Detesto manifestações. Há sempre pessoas aos berros nas ruas com cartazes mal desenhados, há sempre um palerma que sobe a uma árvore com um megafone, pintam a testa com dísticos ilegíveis, fazem estado de sítio, dormem e comem e fazem as necessidades na rua, enfim, um retrocesso civilizacional, tudo características de uma revolução.
Odeio revoluções e, pior do que isso, revolucionários. Como conservador que sou, não gosto que as coisas mudem: o lema é - como escreve Miguel Esteves Cardoso nos seus livros - "não mexer na fruta".
Por isso foi com estranheza que assisti há uns tempos a uma manifestação de professores em frente à Assembleia da República. Motivo? Para variar, este ano: Baixos salários, dificuldades na progressão da carreira docente, passes sociais desactualizados, senhas para o almoço caducadas, falta de guardanapos de papel na cantina da escola, excesso de giz na tromba, falta de cadeiras nas aulas, excesso de professores hspitalizados etc, etc.
Verdade se diga que também detesto greves de alunos, nunca fiz greve na vida, aliás aproveitava as greves para ir ao cinema e correr atrás das raparigas, que é ao que qualquer estudante se devia dedicar. Ler e «pinar».

Os professores devem ganhar mais? De acordo. Têm uma vida ingrata, instável e ficam com cabelos brancos mais cedo que o habitual? Certo. Querem casar e procriar mas estão sempre de malas aviadas para dar aulas em cascos de rolha? Sim, já sabemos.

Mas há uma questão que permanece: Num país como o nosso - onde a iliteracia é abundante (mesmo na classe docente), onde mais de 50% dos alunos universitários não terminam os cursos, onde há dois milhões de pessoas a viver no limiar da pobreza (ou abaixo desta, para aqueles professores que pensam que "limiar" significa não ter TVCabo) onde há uma alta percentagem de abandono escolar ainda na secundária, onde há violência e droga - para que é que os professores querem ganhar mais? O problema é dinheiro, carcanhol, arame, pilim? Porque é que não exigem antes subsídios para continuarem a vossa instrução formal, tirar o doutoramento, etc? Porque é que paráram no tempo? Porque é que só querem mamar na teta do estado? E agora querem morder a mão que vos alimenta? Que carreira docente é que querem ter se nem sequer fazem a escola toda? E para que é que precisamos de mais professores? Já não há que chegue no desemprego ou a trabalhar nos hipermercados?
O país não precisa de professores, precisa de alunos. O país não precisa de livros, precisa de leitores. As escolas não precisam de professores reivindicativos, precisa de professores, investigadores, estudantes, alegria, conhecimento, divertimento, etc.
O direito há greve é um direito que está constitucionalizado, mas o direito a ter juízo devia ser institucionalizado.
A marcha dos "stores", que deviam era a estar a mestrar-se e a doutorar-se como fazem os seus pares em países civilizados, começou no Parque Eduardo 7º e acabou no gradeamento do Parlamento (se fosse uma manifestação contra a pedofilía era ao contrário, começava no Parlamento e rumava ao Parque Eduardo 7º!), como uma claque futobolística ululante. Uns choram. Outros berram. Outros aproveitam para passear. No fim do dia vai tudo para casa jogar Playstation. O país, claro, simpatiza mas olha para o lado ou muda de canal.

Já agora, só uma pergunta final: Porque marcaram a greve para quarta-feira, dia 14, véspera de feriado (15 de junho, quinta-feira) sabendo de ante-mão que haveria «ponte» na sexta-feira e assim, ufa!, dando origem a, tcharam!!!, um fim de semana prolongado de 4 dias!!! Que espertos! Tirar um curso superior e andar uns semestres a levar no pêlo com cadeiras nas aulas fez-vos bem à mona!
Oi foi pura coincidência? Se foi, as minhas desculpas e força aí rapaziada, berrem a plenos pulmões. Para o ano vejo-vos na secção de iogurtes num hipermercado qualquer.

26.6.06

Gato Preto, Gato Branco!




Adoro este filme. Gato Preto Gato branco é, a par de Underground e Arizona Dream, a maior obra-prima do realizador bósnio Emir Kusturica: Uma farsa cigana nas margens do danúbio, uma montanha russa de alegria, caos e confusão: uma fábula burlesca de amor e morte, com uma banda sonora absolutamente deliciosa de Goran Bregovich e The No Smoking Orchestra.

Vida, amor, morte, um porco a comer um automóvel lentamente, um casamento cheio de gansos, uma cantora que tira pregos duma tábua com o cu, um gangster tresloucado que anda mesmo a pedi-las e dois gatos que vêm o absurdo que é a existência humana.

Obrigatório.

Mamas? Muito, pouco ou nada....

Costumo lanchar com uma colega de trabalho que, segundo amigos meus, "tem umas tetas do caralho". Sentados à mesa, um frente ao outro, resolvo deitar um olhar furtivo para ao rego do peitame e ela, ligeiramente embaraçada por albergar um par de melões tipo fenómeno do entroncamento, tenta justificar o porquê do XXL de tanta peitaça:

- "Sabes, eu desde sempre tive «muito peito»!

Uma mulher que possui provavelmente o único par de tetónias na terra capaz de ser visível a olho nú duma estação espacial, como a muralha da china, tem a lata de descrever o seu par de queijos limianos - que deverão ser submetidos, em tempo próprio, a exames de controlo de qualidade, recorrendo à técnica simples do "apalpanço", como os labregos fazem nas mercearias para saber se os melões estão maduros - com um adorável eufemismo: «muito peito»!

Prefiro "tetas do caralho". Não gosto de eufemismos.

25.6.06

Moz dixit

In my life
Oh, why do I give valuable time to people who don’t care if I live or die ? [...]

In my life
Why do I smile at people who I'd much rather kick in the eye ?
The Smiths - Heaven Knows Im Miserable Now

And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Is such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure - the privilege is mine

The Smiths - There is a light that never goes out (Para mim, uma das melhores músicas dos Smiths, do álbum The Queen is Dead; para ver o clip basta clicar aqui)

Segundas Intenções

Toda a gente que me pergunta, invariavelmente, se quando saio com raparigas se vou - e cito - com "segundas intenções". Costumo responder que não, que o meu objectivo é sempre levá-las para a cama.

24.6.06

Viva Morrissey!!


Adoro Morrissey.

Porquê?

Por isto.

I've been dreaming of a time when The English are sick to death of Labour, And Tories And spit upon the name Oliver Cromwell And denounce this royal line that still salute him And will salute him forever. Irish Blood, English Heart

You must be wondering how, The boy next door turned out, Have a care, But don't stare, Because he's still there Lamenting policewomen policemen silly women taxmen, Uniformed whores, They who wish to hurt you, Work within the law This world is full, So full of crashing bores, And I must be one, 'Cos no one ever turns to me to say Take me in your arms, Take me in your arms, And love me. The World Is Full Of Crashing Bores

She told me she loved me, Which means, She must be insane I've had my face dragged in , Fifteen miles of shit, And I do not, And I do not, And I do not like it So how can anybody say, They know how I feel, The only one around here who is me, Is me.
How Could Anybody Possibly Know How I Feel?

Auto-ajuda para Auto-Pessoas

Uma amiga confessa-me que costuma ler aqueles livros de auto-ajuda, género "faça você mesmo", "conheça-se a si próprio", etc, e chegou à (triste) conclusão que se sente bastante melhor depois da leitura, mais "lúcida", mais confiante. Eu divago e penso e disse-lhe: " E quando precisas desabafar com alguém, desabafas com a página 24 ou 38?" Ela riu, claro. Mas algo me diz que só lhe apetecia era chorar.

O sonho comanda a vida?

Sou mesmo triste.
Até nos meus sonhos mais eróticos as gajas me dizem "hoje não que estou com o período" ou "Agora não que me dói a cabeça".
Tudo o que disser depois disto rimará com "asse", "ões" e "alhos".

22.6.06

Japão-Brasil? Prefiro picanha e cerveja!!!

Quinta feira, 22 de junho 2006. Jantar tranquilo no Mantra, em Matozinhos, com respectiva famelga. Prato do dia: encher a mula por €5. Bebidas à parte.
Na TV passa o Japão-Brasil; no meu prato passa tudo o que conseguir meter no bucho. Ele é arroz com feijão, coxinhas de frango, strogonoffi, um camarãozito tímido e isolado, muito batata e salada para justificar mais um cervejola fresca. Ronaldo marca mais um golo e eu remato com duas garfadas de picanha na goela.
Resultado: Brasil vence por quatro bolas a uma e eu, sinceramente, vou a prolongamento com mais uma pratada de frango. Nos penalties sou finalmente vencido pelo muro de pratos vazios que não me deixa rematar nem mais uma garfada.
Vamos lá ver se, quando chegar a casa, consigo ir aos oitavos de final com água das pedras.

Stress Urbano

1. Acordo. Mexo-me devagar e deixo-me estar. Abro os olhos. É então aqui que surge a primeira pergunta do dia: Masturbo-me antes ou depois do pequeno almoço?

2. Vou para o trabalho. Mais cedo do que o costume. Não gosto de chegar atrasado. A gaja das fotocópias tem cá um par de.... Mas já namora. Há 6 anos. Com um gajo qualquer que, quando acorda, faz exactamente a mesma pergunta a si próprio que eu faço.

3. Trabalho 8 horas por dia. Páro uma hora para almoçar e quinze minutos para tomar café. Amanhã vai ser igual. Espero eu.

4. No fim do dia chego a casa. Janto sozinho. Porque moro sozinho. Não há problema. Já cago sozinho desde que me conheço.

5. Vejo cinema. Ouço música ou leio um livro dum autor que está quase a ganhar o Nobel. Quase.

6. Deito-me na cama. Custa adormecer. Amanhã trabalho. Do que gosto mesmo é da pausa para o café.

7. Finalmente adormeço. Fecho os olhos. Do corpo, da alma, do coração.

8. Sonho muito. Valha-me ao menos isso. Quem me dera sonhar contigo, ao menos vía-te de vez em quando. Não peço mais.

9. Acordo a meio da noite. Esqueci-me de ligar o despertador para as 7h50. Decido pôr para as 8h.

10. Acordo. Mexo-me devagar e deixo-me estar. Abro os olhos. É então aqui que surge a...

21.6.06

Um pequeno aforismo pessimista!

Toda a gente se vai habituando, ao longo da vida, a esperar pacientemente que o Amor nos bata à porta. O problema é que à medida que se vai envelhecendo, se vai ensurdecendo!

(Para a Patrícia, que tal como nós, está sempre de ouvidos atrás da porta)

Viva Portugal, Viva o Futebol: Viva o Futogal!


Graças ao Mundial de Futebol que decorre na Alemanha tenho dado por mim, lentamente, pé-ante-pé, a adormecer menos a ver os jogos. O Portugal-Angola não vi, mas a vitória da Selecção Portuguesa só vem confirmar uma velha suspeita minha - de que a história se repete e que Portugal, de uma maneira ou de outra, histórica ou futobolisticamente, acaba sempre por «lixar» uma país de 3º mundo!
No jogo Portugal - Irão, adormeci quase toda a primeira parte; eu e a Selecção que, a bem ver, não marcou golinho algum. Na segunda parte, lá arrebitei o cocuruto do sofá, sempre que ouvia Golo! Resultado: Portugal 2 Irão 0, duas bombas kamikazes de puro esférico enriquecido na baliza Iraniana.
Hoje, no Portugal-México (2-1), lá consegui ver 10 ou 15 minutos, tendo passado o resto do tempo a fazer zapping entre o Odisseia e o Canal História: o primeiro dava um documentário sobre a vida sexual dos aborigenes; o segundo, um extenso documentário a preto e branco sobre as Vitórias do Benfica, que pela "actualização" da coisa, pelos vistos, só passa mesmo no "Canal História".
Primeira verdade: O mundial está a ter «piada» porque Portugal até agora (21 de junho) está a ganhar. Segunda Verdade: Se tivessemos perdido todos os jogos, a Selecção não "jogaría nada" e mais valería era "ir plantar batatas".

Assim sendo proponho que seja redefenida toda a estética futebolística actual.
Um jogo de Futebol normal só deverá ter 10m com um intervalo de 5m. Não deverá ter ninguém a assistir, nem treinadores nem árbitro. O Futebol passaría a ser jogado como é sempre jogado nas escolas primárias e becos de estrada por aí fora.
Como na escola, mandaría sempre aquele puto gorducho do interior que bate em todos e que, por acaso, é o dono da bola. Toda a gente tería a sua vez de jogar; quem não sabe jogar vai para a baliza ou passa a ser o "apanha bolas".
O jogo começa logo após uma agradável sessão de cachaços no puto mais pequeno e termina quando a bola vai parar ao campo do vizinho, mesmo no rego do estrume no campo de cebolas.
Isto sim.
Agora ver 11 marmanjos de cabelo efeminado, durante uma hora e meia, que se benzem antes de entrar em campo e que começam a chorar quando alguém lhes causa um dói-dói na barriguinha das pernas sendo imediatamente transportados de maca, mimados por enfermeirinhos diplomados que lhes fazem festinhas e limpam o ranhinho e a babinha do queixo até chegarem ao Hotel Spa onde estão instalados, desculpem lá, mas já estão a pedir-nos demais.

Já repararam que os jogos são transmitidos sempre sem banda sonora, sem música, havendo apenas aquela voz arrastadamente monocórdica "Quim passa para Maniche, Maniche passa para Figo e Figo cai ao chão, de tão maduro que está..."

Proponho que todos os Jogos do Mundial passem de uma hora e meia de duração para uns escassos 20m, só o tempo necessário de serem transmitidos aos som dos "Cavalos de Corrida" dos UHF, com a particularidade de ser pôr em constante "repeat" o refrão "Agora, Agora (x2) Tu és um cavalo de corrida..."

Para os momentos mais chatos e mortiços aconselho o inevitável "Recordar é Viver" do Vitor Espadinha ou qualquer balada do António Calvário.

O facto é que vivemos em verdadeira Futobolândia. Tudo aos saltos (na minha mente está a passara a imagem em câmera lenta do mulherioto aos saltos, mas sem soutien), todos pintados, todos aos berros.

O Portugal dos Descobrimentos transformou-se na Futobolândia dos Relvados. Futebol e Portugal deu lugar ao - pouco inventivo, diga-se: Futogal!

Se antigamente descobríamos o Caminho Marítimo para a Índia e dobravamos o Cabo Bojador, hoje arrepiamos caminho, pelo menos, para os oitavos-de-final e a cada golo marcado, saltamos e pulamos todos pintados a gritar "É pró bujão" ou "vai buscá-la" e ainda "toma lá nessa peida".

Numa primeira impressão é bonito, mas se pensarem melhor é triste.
É mesmo triste.
Sebastião vai voltar, numa manhã de nevoeiro, mas assim não dá para ver jogo nenhum.
O País real segue dentro de momentos após um curto intervalo.