"My dear young lady, there was a great deal of truth, i dare say, in what you said, and you looked very pretty while you said it, which is much more important."
Oscar Wilde in
A Woman of No Importance
Porque é que as mulheres feias falam sempre tanto? Porque é que uma mulher bonita, por norma, é sempre mais calada do que uma feia? Há algo de errado com uma mulher linda que fale muito. Passa por parva ou burrinha (uma loira bonita e burra é, de facto, patética mas não deixa de ser bonita) e são mal vistas pelas feias, pois estão a esbanjar um dos principais truques de sedução usados por estas: falarem pelos cotovelos. Por outro lado, não conheço uma mulher, feliz detentora duma carranca menos inestética, que não esteja sempre a despejar uma verborreia insuportável sobre o transeunte mais incauto. Seja amigo, namorado ou companheiro, seja no shopping, no cinema ou num jantar tranquilo à beira-mar, não há gajo que não tenha já levado com um megafone destes pelo menos uma vez na vida. "Quanto mais feias, mais insuportáveis". Este slogan, em si, já é duro de ouvir.
Antigamente uma mulher menos atraente ou tinha um bom dote (ou decote) ou remetia-se ao silêncio enclausurado duma vida casta. Ou até duma vida «fácil». Hoje em dia, limitam-se a fazer pouco mais que o buço, usar fio dental numas nádegas mal alinhadas e, claro está, falar, falar, falar. Uma mulher bonita não precisa de dizer nada, de facto, e tudo o que diz é dito com graça, numa fala rica e fluente em ditos espirituosos, e ficamos ali a olhar para ela, para os contornos bonitos do seu rosto angélico, durante horas e horas, numa espécie de meditação contemplativa.
Nos filmes, as mulheres bonitinhas são sempre parvinhas e soltam risinhos no fim de cada frase, escondendo a face debaixo dum leque (se calhar para esconder os dentes podres). Mas a uma mulher linda de morrer, basta-lhe o silêncio e usar a sua beleza como um ás de trunfo no jogo amoroso - não perde nunca. E se para além de bonita for boazona, consegue os melhores empregos (ou se for só boazona e tiver uma sabedoria digna de uma pornstar). Uma mulher feia tem de usar outros truques e, no pior dos casos, não tendo seios volumosos, rabiosque perfeito ou ancas curvilíneas, tem que dar uso à lingua. E se fosse só para
aquilo, já estavamos com sorte. Mas não: é
só para falar. Ela fala, nós ouvimos. E nós, que queriamos usar outras partes do corpo naquele encontro, somos obrigados a usar o única e exclusivamente os ouvidos. Há truques que falham sempre, como o de pôr o rádio do carro mais alto o que não adianta nada: as feias têm as goelas em permanente
sensurround 5.1; ou a velha técnica de ir ao cinema com elas para as calar durante 2 horas também não dá, porque o facto de não terem mais nenhum atributo físico obrigaria a ter que ver somente o filme, o que é inaceitável em qualquer encontro que se preze. E o facto de algumas feias terem até mais atributos físicos que as bonitas também não lhes adianta de nada - toda a gente diz: "Até é boazona, mas é feia!"
A feia não tem culpa de ser feia e a bonita não tem culpa de ser bonita.
Nem as altas nem as baixas. Já as gordas... As gordas não falam tanto e estão quase sempre bem dispostas, as feias falam pelos cotovelos e estão sempre mal dispostas. As gordas evitam falar muito porque não querem chamar muita atenção sobre si mesmas. As feias evitam estar caladas pelo mesmo motivo. Um mecanismo de compensação, insegurança, uma estratégia de defesa? Seguramente. Gordas e bonitas serão sempre preferíveis a gordas e feias. As últimas fazem sucesso em variados sites porno e as primeiras são ainda hoje bastante apreciadas em certos circuitos clandestinos masculinos, onde ainda se leva à letra aquela ladaínha antiga de que «gordura é formusura».
Como a beleza é relativa, há um truque que uso para distinguir uma bonita duma feia e a fórmula tem resultado sempre: As feias estão sempre a falar (mal) do «ex» delas. Uma mulher bonita magoada com um «ex» fica ainda mais bonita. Ficamos imediatamente com pena dela e queremos «consola-la». Uma feia zangada e raivosa a espumar dos beiços fica ainda mais feia e dizemos «ó, é feia»... Mas se for boa como o milho, aplicamos a mesma directiva. Se a cavalo dado não se olha o dente, a mulher fácil não se olha à embalagem. Se é à borla, siga a marinha.
No entanto, reparem: Feia e boazona nunca será melhor que bonita, ou só bonita sem mais nada. Estamos a falar só em termos estéticos. Qual delas nos fará mais feliz é outro tema de conversa.
Então e os homens?
No caso dos homens é diferente e mais simples: como diz o sábio povo «um homem rico não é feio», e ficamo-nos por aqui. As mulheres dizem-me que não gostam de homens calados, que não se interessam, que não fazem perguntas mas, lá está, gostam de um homem que as «ouçam». Ora, para ouvi-las, temos que estar calados. E se estamos calados é porque não falamos muito e se falamos muito já não as ouvimos e para as ouvirmos temos de estar calados...e por aí fora
ad nauseaum. É um circulo vicioso, eu sei. Mas aprendam uma coisa ao menos: Um homem que fale muito é só para vos levar para a cama - e nesse caso, não importa muito que sejam feias. Duas vodkas resolvem o assunto.