28.7.11

Perdeu-se na tradução!

Lost in translation, de Sofia Coppola, 2003.

27.7.11

Vai um joguinho? Parece que não...

Sair contigo era como jogar poker com as cartas viradas para cima.
E não, não era divertido. Qual era a piada, se não posso mentir e fazer bluff?

Clark Kent, não!!

Nenhuma mulher se apaixona por Clark Kent!

26.7.11

Just Hangin' (desenho de Susana Nunes)

Há dias assim. Sei que sou preguiçoso, mas sou bonito, por isso estou desculpado. Não só tenho pintas como tenho pinta! Apoio o queixo no raminho não para descansar (não faço nada, lembras-te?) mas para te enquadrar melhor no meu campo de visão. As minhas patinhas ficam a baloiçar no ar, mais para fingir que vou voar do que para correr. Se passares por mim, acho que nem vou saltar para cima de ti. És bonita, sim senhor. Mas eu só te quero ver a passar por mim, o mais lentamente possível. Se tiver coragem até te pisco um olhinho, o mais azul que tiver. Mas não vou sair daqui. Recuso-me. Sim, sou preguiçoso, mas não aceito que me digam que não faço nenhum. Isso não. No séc. XVII havia em Portugal uma corrente filosófica chamada Quietismo, na qual se considerava que o imobilismo era o melhor caminho para chegar a Deus. De facto, só estando parado é que se consegue ler, escrever ou ver um filme, ou rezar. Ou ver o nosso amor a passar, a dizer adeus. Só estando parado é que se consegue pensar, sentir.

Agora passa lá então. És bem gira. Mini-saia e tal, loirinha, sim senhor. Eu gosto mais de gazelas, enchem mais o bandulhinho mas elas correm muito e agora apetece-me estar aqui a olhar para ti. Assim parado. Mas não morto.
Parar não é morrer. Parar é descobrir o que se perdeu entretanto.
A correr passa tudo depressa e não se vê nada.
Parei neste ramo só para te ver passar.
E só estando parado é que olhei para ti.
E te vi.

E tu, claro, mal me viste tinhas de fugir... Aposto que nem me querias para um casaquinho de peles. Raios te partam.

Amarguras!

"Amargura, descansada e triste." É uma música dos Madredeus, do álbum O Espírito da Paz. Pois é. Nunca casei mas vou dizer o que penso sobre os divórcios. Não conheço uma divorciada que não tenha o coração negro e a alma dorida. Lembram-se da suposta «viúva alegre»? Na viúvez perde-se tudo e, como tal, segue-se a vida como quem não tem mais nada a perder. E encontra-se, talvez, a alegria. No divórcio, não. O divórcio é uma espécie de funeral de corpo vivo, que ainda mexe, que segue em frente, que ignora e que não paga a pensão de alimentos; que desaparece de vez ou que nunca mais desaparece. Nunca conheci uma divorciada que não tivesse a memória congelada no tempo e uma verborreia acintosa e amargurada para com a vida. É sempre o «meu ex para aqui» e para acolá, como se estivessem sempre assombradas por um filme de terror que não conseguem esquecer. Há tanta divorciada bonita e inteligente mas acho que nunca vão gostar de mim. Não é só por eu estar sempre na tanga com elas - é que o fantasma delas é muito mais forte que a minha ingenuidade.